A Preparação de uma Dissertação de Mestrado: Requisitos e Dificuldades (Em Breve o EBook)

Australianos e norte-americanos têm lutado nos últimos anos com as dificuldades de preparar uma dissertação de mestrado (Radloff, 2000). Na América Latina, destacam-se as pesquisas de Fernando (2004) e (2007) e Carlos (2003a) e (2003b). Nessas obras, são apontados os fatores que dificultam o desenvolvimento de uma obra dessa magnitude, fatores de natureza diversa, entre os quais fatores acadêmicos e pessoais. 

Existem também trabalhos que caracterizam a tese como uma classe textual ou que explicam como uma dissertação é escrita (Dei, 2006,) e que fornecem informações indiretas sobre o que é mais difícil fazer ao enfrentá-lo. Por fim, há trabalhos importantes relacionados aos problemas de redação da tese e às dificuldades da redação acadêmica em geral. 

Em 2018, a Dra. Paula Fausto, especialista em problemas de leitura e escrita em nível universitário, convidou alguns pesquisadores universitários para realizar pesquisas conjuntas sobre dissertações de mestrado. A pesquisa apresentada por ela se enquadra no contexto deste E-Book. 

A elaboração de uma dissertação de mestrado é um processo que envolve múltiplos subprocessos: definição de um problema, estabelecimento de objetivos, justificação da importância e necessidade da pesquisa, revisão da bibliografia pertinente ao problema, revisão e avaliação, apropriação de um modelo teórico, usar procedimentos metodológicos confiáveis ​​para coleta e análise de dados, interpretar os dados, relacionar os resultados com a bibliografia existente, tirar conclusões e recomendações para trabalhos futuros.

E essas categorias têm certas condições: o problema deve ser bem formulado, delimitado e justificado. Os objetivos gerais e específicos devem ser precisos, factíveis e ter estreita relação entre si e com o problema e a metodologia proposta; o estado da questão deve ser pertinente, exaustivo e atual, mostrando não apenas o conhecimento do campo conceitual em que o problema se enquadra, mas também das lacunas existentes e da importância da realização do trabalho; a perspectiva teórica e metodológica deve ser adequada para abordar e explicar o problema escolhido; Deve haver rigor no tratamento dos procedimentos metodológicos, de forma que a obtenção dos dados e sua análise sejam objetivas; a bibliografia deve ser suficiente e atualizada.

Como aponta Borsinger (2005: 267) “a tese representa o ordenamento do conhecimento adquirido durante a elaboração de um longo trabalho de acumulação, análise e desenvolvimento do conhecimento”. Por outro lado, o trabalho deve apresentar uma certa contribuição original, geração de novos conhecimentos, ainda que pequenos. Isso, por sua vez, pressupõe saber o que outros pesquisadores disseram sobre o assunto. 

O desenvolvimento de uma tese envolve processos de leitura e escrita de alto nível de exigência cognitiva. Em relação à leitura, o indivíduo deve compreender textos densos, especializados e complexos que contenham informações implícitas, uma vez que não são escritos para novatos ou inexperientes, mas para pares acadêmicos. 

Em relação à escrita, o desafio é produzir um texto dirigido a uma comunidade acadêmica e não a uma imitação do destinatário, que pretende ser publicado e socializado nessa comunidade e não ficar nas prateleiras. Um texto autêntico produzido por um pesquisador novato, mas que será julgado por jovens pesquisadores e pesquisadores experientes. 

Como produto, a dissertação de mestrado “é um texto cuidadosamente elaborado, muitas vezes empregando o discurso retórico em alto grau; é uma comunicação escrita que implica um longo processo de elaboração e amadurecimento, de lugar e tempo diferidos entre o escritor e o seu leitor ”. (Borsinger, 2005: 269). 

Elaborar uma dissertação de mestrado é uma tarefa percebida como complexa por quem a realiza por falta de experiência e porque, fazer tese, ao contrário de tirar um diploma de licenciatura, ou mesmo aprovação em seminários de pós-graduação, é uma atividade em que não se percebem objetivos intermediários, que requer grande auto-organização e que carece de comparação com qualquer outra tarefa acadêmica anteriormente tentada, pelo menos para quem a inicia sem experiência em investigação.

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